Existem situações que nos enchem de indagações, incertezas e até impotência diante da vida. Refletimos sobre o destino e perguntamos: “Mas era só até aqui? Era isso? E principalmente: Por que? Por que?"
Há alguns anos tivemos o Almir como nosso aluno. Na ocasião, na preparação para o seletivo do CEFET. Menino bom. Animado, amigo, brincalhão, extrovertido. Hoje pela manhã fiquei sabendo de sua precoce morte. Aos 21 anos, Almir foi assassinado praticamente na porta de sua casa por uma pessoa que segundo informações, já teria atirado em duas pessoas, onde uma delas morreu, em um bairro vizinho à casa do Almir e teria fugido de moto. Passando em frente ao local em que o Almir estava, uma sacola do acusado teria caído e o Almir dispôs-se a pegar. Este teria sido seu último gesto de solidariedade. O seu algoz deu-lhe um tiro que perfurou o braço, atingindo os pulmões e horas depois Almir estava morto.
Fui ao velório e o desespero da família é de cortar o coração. O irmão, Anderson, parece não acreditar no que aconteceu. A mãe, ao ver-me, disse que o sonho do Almir era passar no vestibular.
Por que?
Até quando perderemos o nosso futuro para a criminalidade? Quem deu-lhe o direito de levar os sonhos de um jovem, ceifar-lhe a vida, levar a felicidade de todos que o amavam? O que o garoto havia feito de errado? Às vezes, justificamos tragédias com alguma ação errada que resulta em consequência, mas o Almir não fez nada de errado. Nem no lugar errado ele estava. Almir estava na frente de sua casa! Não houve provocação, apenas um gesto de solidariedade do garoto. Então, Almir morreu por ser prestativo? Não dá para entender e tampouco para aceitar.
É impossível compreender o que passa na mente de uma pessoa que a maldade guia. Está muito além da inconsequência, pois acho que quem faz isso também não se preocupa com condenação. Está além da impunidade e da banalização do crime. Está na falta de amor à vida. Está na falta de temor a Deus, na falta de amor ao próximo. Um menino que tinha tanta coisa para viver, tantos sonhos pra realizar, tanta felicidade pra buscar, teve seu projeto interrompido pela covardia e estupidez. Tal covardia ainda levara consigo a felicidade da família que nunca mais será a mesma, que o vazio deixado pelo Almir nunca será preenchido.
O destino tem coisas que dependem da gente, mas tem coisas que nunca iremos compreender. Ainda ontem, nesse horário, Almir estava em sua rotina. Hoje, Almir está dentro de um caixão.
Justiça. É o mínimo que se pode querer. Dentro da razoabilidade humana, justiça é um sentimento que não conformará, mas que no mínimo evitará que outras pessoas tenham o mesmo destino.
À família, que Deus conforte. Somente Deus pode confortar diante de uma dor tão extrema. Almir agora se junta a muitos que estarão na lembrança como eterno jovem. Que nesse momento de dor, Deus possa levar a paz à família e dar paz eterna ao espírito do jovem Almir, que nesse momento deixa esta Terra para estar mais perto de Deus.
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