O ano letivo de 2013 já está iniciando. Uma excelente oportunidade para fazer uma reflexão com os amigos e amigas educadores que serão decisivos na vida de nossas crianças, adolescentes e jovens.
Iniciei minha vida de professor aos 15 anos. Na época, ainda cursava o 1º ano do 2º grau, substituindo uma professora de matemática na 5ª série. Eu não esperava continuar sendo professor, mas a cada dia fui me identificando e hoje sou professor, sou educador vocacionado.
Professor tem de ter um senso de missão. O seu ofício, a sua profissão não é uma profissão qualquer. Por ele passam os sonhos. No professor está a responsabilidade de alimentar os sonhos ou de eliminá-los. O professor tem de ser entusiasta, motivador. O professor tem de ter fé no que faz.
Nos mais de 18 anos de missão, tenho entendido que o conhecimento acadêmico é importante, mas não é tudo. O professor deve compreender o aluno, desenvolvendo relacionamento a ponto de ser um referencial importante. O professor é um líder, e como tal, deve exercer sua autoridade, mas nunca usar o autoritarismo. É preciso se envolver na realidade do aluno. É preciso desenvolver amizade com o aluno. Professor amigo do aluno consegue influenciá-lo no ambiente dos estudos. O aluno o respeita em nome da amizade, da consideração. Relação de intimidação e estremecimento não surte efeito no processo de ensino-aprendizagem.
Os professores e professoras que tive ao longo de minha vida de estudos, os que eu guardo vivos na lembrança, que me influenciou, a marca principal que deixaram não foi conteúdo programático, e sim a motivação, a maneira que alguns viram potencial em mim. É tão bom quando alguém acredita na gente. Até a 8ª série eu era o pior aluno da classe. Fiquei reprovado em matemática, o que parece até ironia, por eu ter me tornado professor de matemática. Essa experiência me fez acreditar nas pessoas, nos seus sonhos, na superação. Hoje, no aluno mais rebelde eu consigo enxergar um líder. Trabalhar essa liderança para a cidadania, conduzi-lo ao ambiente de estudos é um grande desafio, mas é possível.
Dias atrás uma mãe me agradeceu por eu haver contribuído com seu filho. Ele estudava conosco se preparando para o seletivo do IFMA. Era muito desinteressado e mesmo com muita tentativa, não despertou e não passou. No ano seguinte, retornou, mas continuou no descaso em relação aos estudos. Um dia, no final da aula o chamei para conversarmos. Conversamos por mais de meia hora. Foi uma conversa dura, difícil, mas o alertei das consequências do descaso com os estudos. Foi uma conversa como eu teria com o meu filho, caso necessitasse. Eu tinha a certeza que naquele dia eu perderia o aluno ou o ganharíamos para um caminho de dedicação. Ao final, ele se comprometeu de melhorar e conseguiu. Foi aprovado no seletivo e sua mãe, na ocasião em que descrevi, me agradeceu, dizendo que já havia até “lavado aos mãos” em relação a ele e que ele havia mudado radicalmente. Hoje ela tem de às vezes tirá-lo dos estudos para ter um equilíbrio com o convívio social.
Querido professor, querida professora: acredite nos seus alunos. Vale a pena! A missão para a qual fomos chamados é nobre porque liberta as pessoas, trazendo independência. O professor não é o dono do conhecimento. Aprendemos com cada aluno. Seremos lembrados, talvez, não pelo conteúdo, mas pela maneira com que nos preocupamos com cada vida, com cada sonho. Na sala de aula, existem tantos sonhos que já não conseguem prosseguir devido a limitações financeiras, problemas familiares, problemas de aprendizagens. Nós podemos fazer essas crianças descobrir que possuem asas de águias. É preciso educar com amor.
Que 2013 seja fortalecido pela dedicação de cada mestre. Despertar a necessidade de aprender é uma missão difícil, mas é possível. Uma pessoa motivada aprende, ultrapassa seus próprios limites e encontra a felicidade.
Nenhum território é mais propício aos sonhos do que o terreno da educação. Lá desenvolvemos cidadania, virtudes. Lá se constroem homens e mulheres que verdadeiramente valem a pena para a sociedade.
Feliz ano letivo de 2013
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